Encoded Archival Description

A Encoded Archival Description (ou descrição arquivística codificada) é uma norma para a codificação de instrumentos de descrição documental arquivísticos utilizando a linguagem XML mantida pela Biblioteca do Congresso e pela Society of American Archivists. Trata-se duma DTD (Document Type Definition, ou definição de tipo de documento) utilizada principalmente por arquivos, bibliotecas e museus para codificar descrições de fundos arquivísticos, colecções de manuscritos e colecções hierarquizadas de documentos ou objectos (fotografias, microfilmes ou peças de museu).


História e desenvolvimento

A EAD surgiu em 1993 na biblioteca da Universidade da Califórnia em Berkeley. O objectivo do projecto era criar uma norma para a descrição dos fundos de arquivos e colecções especiais, semelhante à norma MARC para a descrição biblioteconómica. Essa norma possibilitaria aos museus, bibliotecas e repositórios de manuscritos descrever os seus fundos num formato legível informaticamente e, assim, fácil de pesquisar, manter e trocar.
Em Julho de 1995 um grupo de especialistas foi reunido para continuar o trabalho começado em Berkeley. Pouco depois, a Society of American Archivists decidiu participar do desenvolvimento da DTD e, em Janeiro de 1996, a Biblioteca do Congresso tomou conta da sua manutenção informática e difusão de informação.
Desenvolvido inicialmente em SGML, nas suas versões alfa e beta, a EAD foi conformada com o formato XML, a partir da versão 1.0, em 1998, a fim de permitir uma melhor difusão na internet, aproveitando o facto de o formato, ainda emergente à altura, estar a dar provas da sua estabilidade e grande simplicidade em relação ao predecessor SGML. A versão 1.0 foi publicada no fim de Agosto de 1998, procurando corresponder, às prescrições da ISAD(G) e de outras normas norte-americanas, segundo as sugestões dos seus utilizadores.
A versão seguinte, a EAD2002, saiu em Dezembro de 2002. Esta versão (ainda actual) foi adoptada por várias organizações que começaram a oferecer, a partir desse ponto, um acesso em linha aos seus instrumentos de descrição e catálogos. A conformidade com o XML foi ampliada (já que ainda havia elementos SMGL). Para além de alterações estruturais para a simplificar e tornar mais eficiente, a DTD foi alterada para melhor se conformar com a nova versão da ISAD(G).[1]

Versões da EAD

  • Alpha – 1996 (Fevereiro)
  • Beta – 1996 (Setembro)
  • 1.0 – 1998 (Setembro)
  • EAD2002 – 2002 (Dezembro)
  • Está prevista uma nova versão para Agosto de 2013.[2]

Características

A EAD permite a padronização da informação encontrada em instrumentos de descrição: inventários, índices ou guias criados por repositórios arquivísticos ou de manuscritos para dar informações e fornecer descrições detalhadas (a nível de conteúdo e organização intelectual) de fundos ou colecções específicas.
A EAD, tal como muitas linguagens de codificação ou de marcação, como o HTML, é definida formalmente por uma DTD, ou Definição de Tipo de Documento – um conjunto de regras electronicamente legível que especifica como o documento EAD deve ser escrito. No entanto, ao contrário do HTML, que usa instruções de apresentação de conteúdos (por exemplo: <font size=”14”>Texto.</font>), a EAD usa quase exclusivamente declarações independentes da sua apresentação (por exemplo: <relatedmaterial>Ver caixas 2-15 da Colecção X.</relatedmaterial>). [3]
A definição de tipo de documento (DTD) da norma EAD especifica os elementos a usar para descrever uma colecção manuscrita tal como o arranjo desses elementos (por exemplo, quais os elementos necessários ou quais os elementos que são permitidos dentro de outros).
A EAD tem 146 elementos que podem ser usados para descrever uma colecção como um todo e também para codificar todo um inventário multi-nível dessa colecção. Muitos dos elementos da EAD podem ser passados para outros formatos normalizados de descrição (como a ISAD(G) ou a DACS) e outras normas estruturais (como o MARC ou o Dublin Core), o que aumenta grandemente a flexibilidade e interoperabilidade dos dados.
A disponibilização online da informação codificada em EAD faz-se por intermédio de folhas de estilo que transformam o código XML em HTML ou PDF.

Princípios de design

Estes princípios foram criados como fios condutores para o desenvolvimento da última versão do EAD, e é neles que a EAD actual se sustenta.

  • Tornar acessíveis os recursos de várias instituições aos utilizadores, através de uma compatibilidade com práticas internacionais diversas;
  • Os elementos e nomes de atributos devem ser o mais universal possível tanto na linguagem como na aplicação;
  • A EAD ocupa-se de informação de recursos arquivísticos que é partilhada. Não se trata de um sistema que se ocupe de outras funções de gestão arquivística (como transferência, conservação, uso, armazenamento, etc.);
  • A EAD é uma norma para a estrutura dos dados, não o seu conteúdo. Não prescreve como formular a informação presente num qualquer elemento – esse é o papel de normas externas, nacionais ou internacionais;
  • A EAD é um formato de comunicação baseado na sintaxe SGML/ XML. Em alguns ambientes as descrições serão criadas e mantidas usando tecnologia diferente, sendo a EAD usada principalmente como mecanismo de transferência; noutras situações os arquivos gerirão a sua informação descritiva em sistemas baseados em sistemas SGML/ XML. A EAD tem de ser capaz de servir ambos os ambientes;
  • Focar-se no conteúdo estrutural da descrição arquivística, não na sua apresentação. No entanto, a norma deve prover mecanismos suficientes para apoiar a apresentação numa grande variedade de formatos (desde os mais comuns interfaces de instrumentos de descrição até formas de apresentação em internet e optimizadas para impressão);
  • A EAD especifica uma ordem e um agrupamento de elementos até um certo ponto. Para a maioria dos mecanismos usando tecnologia actual, a ordem dos elementos é irrelevante. Mudanças à estrutura (isto exclui adições) não serão feitas só para facilitar uma sequência ou produto de apresentação;
  • A continuidade de estrutura e conteúdo é um factor importante para assegurar a continuada aceitação e aplicação da EAD. Os obstáculos técnicos ao uso devem ser minimizados. As mudanças à DTD devem ser o mais tecnicamente transparentes possível. Genericamente, isto significa uma preferência pela adição de elementos em lugar da substituição e por assegurar que as novas versões são compatíveis com as anteriores.[4]

Referências

  1. Development of the Encoded Archival Description DTD
  2. EAD Revision Under Way
  3. What is EAD?
  4. Design Principles for Enhancements to EAD (December 2002)

Ver também

Ligações externas

  • ArchiveGrid
  • EAD2002 página oficial
  • ISAD(G) Segunda edição (Tradução português: Lisboa, 2002)
  • ICA-AtoM Software livre para descrição arquivística
  • RLG Best Practices Guidelines for Encoded Archival Description
  • Society of American Archivists
  • EAD Instruction Manual
  • The EAD Cookbook